nada tá bom nunca

Guilherme Polonca
1 min readMar 27, 2022

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sério, puxa aí de memória

você pode até achar que em algum ponto, finalmente, oh glória, tudo está finalmente normal. acorda e percebe que nem foi tão difícil assim. escova os dentes e nem percebe que não pensou em trabalho, faz um café delicioso e toma olhando pro nada, sem a urgência de checar rede social nenhuma. até o pescoço tá confortável. chega a hora de trabalhar e não pensa mil vezes no mesmo segundo antes de, vacilante, tomar suas decisões e lançar suas sortes. pode até ser que tudo tenha passado do ponto de ser simples sorte. e assim o dia passa(ria)

pode até ser. mas existe alguma coisa na natureza humana que nos puxa pra melancolia sempre que possível.

pode desistir, sempre vai ter aquele momento no meio da tarde em que você se sente obrigado a contemplar o abismo. cada um com o seu abismo, cada um sozinho no sentimento, memória ou culpa do passado, presente, ou desse futuro bizarro que só existe na sua cabeça. ok, você evoluiu sim, eu sei, eu também. parabéns! mas mesmo assim nós seguimos aqui, conectados pela nossa missão de parasitar a melancolia. jamais juntos, porque melancolia é igual bolo, mas não aquele quentinho e redondo, nem igual a bolo de festa.

melancolia é um bolo de pote numa tarde de quarta-feira: cada um com a sua. e não ouse encostar na minha.

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Guilherme Polonca
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Written by Guilherme Polonca

crônicas de ódio e outros sentimentos menos nobres

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