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certos dias as palavras escapam das minhas mãos como se estivessem ensaboadas. seria mais fácil se eu fosse desses que acha que texto é só texto, mesmo. mera circunstância das sílabas que se encontram.

depois de várias horas segurando com todas as forças as palavras ensaboadas, não há outra alternativa além de deixar que elas escapem. e quando escapam, aí fodeu. não voltam.

lá se vai mais um dia gasto sendo enganado pelas palavras, que de simples acabam se tornando indescritíveis, e o problema do indescritível é que (surpresa!) ele não se descreve. mesmo que depois de tanto tempo tentando segurar, impedindo que ele escape, ele se impregne nos seus dedos e não saia mais.