todos os problemas são o mesmo
Uma das primeiras vezes em que eu senti esperança na minha vida adulta foi quando, numa terça-feira horrível do meu primeiro mês de trabalho, eu usei de um café horrível pra engolir um comprimido genérico de dipirona. Ambos foram os mais baratos disponíveis, e mesmo assim eu reclamei enquanto comprava.
Demorou uns vinte minutos da mais odiosa das terças-feiras de 2013 pra que aquela dipirona fizesse efeito. O gosto do café horroroso ainda na boca e eu mais ou menos feliz porque pelo menos ele era mais gostoso que o café da faculdade. Uma vez eu tive ânsia no meio de uma prova por causa do café da faculdade.
Efeito do remédio na mente, uma clareza mental inexplicável e aí que veio a esperança. Eu conseguiria sim, como não? Eu conseguiria qualquer coisa. Chegaria do trabalho e estudaria, as notas melhorariam, eu me acostumaria com a faculdade e até me encontraria naquela profissão que eu — e não só eu — insistia(mos) que ia se tornar natural e prazerosa pra mim.
O que poderia dar errado? A dipirona corria no meu sangue, a cafeína dando os seus socos mentais, e por algumas horas eu fui maior do que aquela terça-feira horrível.
No fim do mês eu fui assaltado.